Mensagem Poética: Os Fluxos e Refluxos dos Meus Silêncios!
Autor: Odenir Ferro
Dentro das evasivas memórias de mim, percorre o fluxo de um silêncio desencantado e triste.
E neste trajeto de vida onde a história nasce, morre, vive e revive em todos os instantes do meu ser, refaço-me recontando as amarguras enquanto vivo percorrendo sempre este trajeto que se refaz ininterruptamente enquanto sigo avante remoendo os fluxos e refluxos dos meus silêncios desencantados e tristes!
Como se fossem eles, um enorme curso de um rio emudecido, onde suas águas, ausentes de sons, caminhassem caudalosamente rumo em direção de um desconhecido mar...
Buscando e rebuscando em águas distantes, novos sentidos para se viver uma vida remansa onde muitos emotivos sentimentos evocassem um regresso para dentro de mim, enquanto eu consagrasse à força deste meu silêncio, um verdadeiro sentido para avante prosseguir. Querendo reavivar aquele encantador amor.
Que no passado, n'alguma curva do rio, por entre nós passou; fincou chão e ficou.
Lá atrás, onde aqueles antigos sonhos passaram e por nós passearam brincando, uivando, ladrando como uma feroz matilha de lobos; onde fêmeas no cio, foram cortejadas nuns romances vadios!
O meu amor se esparramou pelos ventos iguais às brumas quentes das areias dos desertos.
Voando esvoaçante por todos os lados, por todos os lugares. Rumando em qualquer direção, ser ter para onde ou porquê, ir avante pelo tempo afora.
Mudando o curso e a temperatura da minha dimensão presencial, em todas às vezes que desejei plantar no meu solo alguma árvore que tivesse raízes firmes para que então os frutos do meu viver me dessem bons agrados.
Que ficasse numa boa sombra esta árvore, para que me acolhesse no futuro, num lugar sonhador tão cheio de encantos por onde o meu rio passasse sem sons! Cúmplice do meu silêncio desencantado e triste e afônico por tanto gritar para a minha loucura alguma espécie de razão onde eu pudesse comparar as minhas desencantadas amarguras com os timbres sonoros e firmes que saem ecoando de dentro da minh'alma, em todas as vezes que eu quisesse e pudesse contar para a minha profunda timidez, que sou alfabetizado e sei falar.
Eu tudo olho e nada falo porque sou falho!
De tanto pensar que os meus sonhos sempre se interagem convivendo pacificamente com a minha realidade imperturbável que vai passando por mim, compenetrando-me na minha vida adentro, tal qual um silencioso rio sem ecos, evocando nas distâncias pregressas os mais valorosos sentimentos tão emotivos, vividos por mim, dentro de um inesgotável amor.
Que apenas parecera-se que não tivera um fim!
Eu sei falar e eu sei sentir. Mas pressuponho que não soubera muito bem:
- Viver!
Viver com toda a ânsia da loucura em todos os prazeres da bem-aventurança que a vida generosamente, tão dadivosamente me condizera e sempre me compreendera.
Dentro do seu inesgotável: - Não conter-se!
Não conter-se dentro dos impulsos desenfreados desta explosiva paixão que me acolhera nos braços todas às vezes que ressenti no meu timbre de voz, uma tênue luz como se fosse um ocaso se apagando na naturalidade bela e marcante de um final de tarde onde o sol poente ao baixar-se atrás da linha do horizonte, deixara apenas os muitos tons de cores magnéticas que enaltecera as têmperas das marcantes aquarelas magníficas que fincaram suas imagens, nas cenas mais quentes das memórias fotográficas dos muitos fins de tardes que enobreceram e ainda enobrecem as belezas plenas de veracidades poéticas do nosso persuasivo viver!
O meu silêncio, além de ser a minha ponte para o universo do meu mundo interior, também é, nas muitas vezes em que eu medito e reedito a minha solidão, a minha tábua de salvação!
Através dele, eu vou me ancorando neste rio da vida, quando dentro das minhas vivências, vou compondo-me ao descompor-me. Para logo em seguida, recompor-me dentro dos fluxos e dos refluxos por onde a vida navega o meu silencioso viver desencantado e triste!
Ou o meu viver silencioso sintonizado e sublime, quando vivo a experiência duma paz celestial aonde até posso tocar nos laços sagrados do Divino Amor!
Onde posso realizar a Arte de viver uma felicidade tão forte e marcante em mim, que até posso navegá-la através das ondas da solidão. Por onde corre este rio tão pleno de inesgotáveis fluxos de águas caudalosas, aonde as ondas vão fluindo suaves e remansa dentro do meu extensivo silêncio!
Este rio silencioso que navega por dentro e por fora de mim, preenche os espaços vazios da minha história, com um profundo amor que me deixa confortável nas venturas e desventuras da minha solidão. Sempre que vou escrevendo e reescrevendo os acontecimentos da vida que se acerca de mim.
Contando e recontando as muitas histórias que iguais a mim, navegam o rio da vida, buscando toda a possibilidade de um profundo Amor que possa nos compartilhar ao doar-nos plenos poderes de realizar os muitos dos nossos mais sublimes anseios; quando nos propomos de corpo e alma a dividirmos, partilharmos com toda a Humanidade, através dos nossos dons, toda a gama de venturas e desventuras que se timbram nos preâmbulos marcantes e sensíveis da nossa boa sorte!
Dentro das emotivas memórias de mim, percorrem o fluxo de um rio silencioso por onde as muitas emoções que se aninharam e avivaram e avivam e avultam o meu encantado viver, vão deixando-me fluir através das inesgotáveis fontes destas águas, dando-me uma esplendorosa lucidez para envolver-me de corpo e alma com a força que vem desta fluente correnteza que me transcende em inumeráveis palavras.
Todas às vezes que eu me aprofundo no meu silêncio.
A procura do encontro encantado dos espaços do Amor!
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